terça-feira, 18 de março de 2014

Sobre a poesia

"Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado."

Mário Quintana

quinta-feira, 13 de março de 2014

Se ao menos eu pudesse voltar
Se pudesse te explicar
Os motivos pelos quais
Eu não fiquei

Talvez as coisas hoje
Não fossem
Tão fora de lugar
E eu estivesse em par
Contigo

Se ao menos teus desejos
Fossem como os meus
Se eu pudesse
Ler teu silêncio

Quem sabe se você
Pensasse como eu
Talvez as coisas
Dessem certo

Mas já não sou
Mais eu
Pois hoje percebi
Que você me fez
Desconhecida

E mesmo se você
Não lembrar mais de mim
Serás pra sempre
Marca permanente
Em minha vida

segunda-feira, 10 de março de 2014

Leveza

Ultimamente tenho tido sede de leveza. Como é desgastante essa mania do meu espírito de contextualizar tudo em uma problemática existencial, criar pequenas filosofias, ver mil maneiras distintas de interpretar cada coisa, me analisar constantemente. É que minha alma humana mazelada (como muitas outras, se não todas as almas) gosta de complicar a vida... Talvez para diminuir o impacto da ignorância a respeito de seu sentido. Tão real, tão agora, tão fluido.

A sede de leveza que tenho sentido me fez imaginar como devemos deixar que as coisas simplesmente sejam. Não sempre, pois é importante que nos questionemos, que sejamos profundos vez ou outra. Mas esse excesso de profundidade, que muitas vezes nos faz pensar sermos "superiores" de alguma forma, acaba por nos tornar infelizes, duvidosos, incertos e cinzas. É preciso deixar que as coisas aconteçam, ser mais leve, rir de si, rir com o outro, baixar os ombros, relaxar o corpo, dançar estranho, cantar gritando... Sem porquê. Sem expectativas. E isso não significa deixar a vida levar, não tentar ser melhor, não sonhar e planejar. É fazer tudo isso guardando sua integridade, sua felicidade e espontaneidade. Sendo fiel a si mesmo. Como o que li hoje:

"É necessário ser leve como o pássaro, não como a pluma. A pluma flutua, um voo sem propósito, sem direção, sem desafios. Os pássaros riscam o ar com precisão, colocam a leveza a serviço do existir."

sexta-feira, 7 de março de 2014

Humildade

Tanto que fazer!
livros que não se lêem, cartas que não se escrevem,
línguas que não se aprendem,
amor que não se dá,
tudo quanto se esquece.

Amigos entre adeuses,
crianças chorando na tempestade,
cidadãos assinando papéis, papéis, papéis...
até o fim do mundo assinando papéis.

E os pássaros detrás de grades de chuva.
E os mortos em redoma de cânfora.

(E uma canção tão bela!)

Tanto que fazer!
E fizemos apenas isto.
E nunca soubemos quem éramos,
nem pra quê.

Cecília Meireles

Deus Sopra

Deus sopra.
Sopra vento que traz palavras, mensagens escondidas em coisas pequenas.
Sopra em rosas que perdem raízes e voam às mãos de pessoas distantes decepcionadas com o amor.
Sopra pessoas que saem de casa para servir sopa no inverno frio.
Sopra músicas nos ouvidos tristes de quem não descobriu a vida,
Inspiração na mente inquieta dos grandes artistas,
Em mentes pensantes que mudam o mundo.
Sopra pessoas certas, em horas certas, com palavras certas.
Sopra eu e você, por aí.
Eu sou sopro? Tudo é sopro.
É que muito se perde por falta de habilidade para sentir...